O primeiro debate preparatório do 4.º Congresso dos Jornalistas, realizado a 14 de julho em Coimbra, no bar do Teatro da Cerca de S. Bernardo, junto ao Pátio da Inquisição, proporcionou uma intensa discussão sobre as principais preocupações dos profissionais, que desejavelmente devem ser vertidas no programa do conclave.

Saltaram para a mesa questões tão diferentes como a formação académica, os mecanismos de reforço da autonomia e independência dos jornalistas e os efeitos da contaminação da informação pelo entretenimento, juntamente com a revelação de casos concretos de criação de obstáculos no acesso às fontes, por parte de entidades públicas.

Entre outros temas, foi defendida a necessidade de debater no congresso novos modelos de associativismo, suscetíveis de fortalecer a classe e valorizar o papel dos jornalistas em sociedades democráticas. Neste campo, houve quem sustentasse que a criação de uma ordem de jornalistas não pode deixar de ser discutida.

Os participantes denunciaram a tendência dos órgãos de comunicação nacionais para ignorarem a realidade do país, circunscrevendo a produção informativa ao que se passa em Lisboa e no Porto. Trata-se de um fenómeno diretamente associado, em muitos casos, ao desaparecimento de correspondentes locais ou regionais.

A precarização das relações laborais também foi objeto de reflexão. À redução de quadros nas redações, tem vindo a corresponder um maior recurso ao trabalho à peça, mal remunerado, frequentemente solicitado a jornalistas isolados, com menor capacidade para garantirem o respeito pelos seus direitos e mais fragilizados perante as fontes.

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