Os dispositivos móveis são o meio preferido para a leitura de notícias, mas as preocupações continuam a ser o conteúdo informativo e a concorrência crescente gerada pelo digital.
A economia foi o tema abrangente da primeira sessão da tarde de sábado do 4º Congresso dos Jornalistas. “A viabilidade económica e os desafios do jornalismo” teve como principal mote o digital e as suas implicações.
O público norte-americano continua a preferir as notícias «online» e televisivas, mas há países que já exibem outras tendências. É o caso de Portugal, com 66% da população a escolher informar-se através das redes sociais. A nível mundial, o Facebook domina com 44% de utilização, dados divulgados por Nic Newman, investigador da Reuters Institute e fundador do website da BBC.
Os dispositivos móveis passaram a ser o meio mais utilizado para a visualização de notícias. O investigador britânico revelou que 49% dos portugueses lê notícias através de «smartphones». Contudo, José Pedro Castanheira, na comunicação lida por Adelino Gomes, alerta que o importante não é a via, mas sim fazer jornalismo.
“Regressemos ao jornalismo, seja qual for o suporte que utilizemos” é também a vontade de José Pedro Castanheira #4CP
— 4CJP (@4cjornalistasPT) 14 de janeiro de 2017
Durante as comunicações, a jornalista Rute Sousa Vasco falou do problema dos «adblockers», que permitem aos utilizadores evitarem publicidade «online», o que diminui as receitas dos meios de comunicação social. Sublinhou, também, que os novos modelos de identificação dos leitores permitem saber que “na Internet as pessoas leem se tiver qualidade”, e não em função da dimensão do texto. Ainda na tónica do «online», lamenta que as métricas de audiências sejam os cliques: “é absurdo olhar-se para os números como se eles dissessem o que se faz de bom ou mau”.
Madhav Chinnappa, responsável da Google pelas parcerias na área das notícias, abordou a questão do digital e das transformações associadas, classificando-as como “uma mudança sísmica estrutural” que veio colocar “todos contra todos, contra tudo”. O diretor do “Observador”, Miguel Pinheiro, reiterou que essa competição é uma das desvantagens. E dá como exemplo a espécie de “armadilha mental” que existe na sua publicação: “o Observador é um jornal sem o jornal”, não devendo por isso restringir-se a fazer apenas texto, o que significa que compete também no vídeo e no som.
Uma pergunta inevitável desta sessão foi onde está a importância, se no jornalismo, se na viabilidade económica dos meios de comunicação social. Para o diretor do “Expresso”, Pedro Santos Guerreiro, “se o pressuposto é a viabilidade económica, deixa de ser jornalismo”. Mas o que mais o preocupa “é assistir à gestão do declínio [da profissão], observar a velocidade da queda e não tentar invertê-la”.