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“Acho que é mais do que tempo de eu trabalhar no sentido de criar condições para passar esta função em que estou”, anunciou Vítor Serpa, um dos directores de jornal em actividade há mais tempo.
Foi em 1992 que Serpa assumiu a direção de “A Bola”. Durante uma mesa redonda que reuniu 19 diretores de órgãos de comunicação social portugueses no 4º Congresso dos Jornalistas Portugueses, Vítor Serpa revelou que chegou a hora de pensar num sucessor. Garante, no entanto, ter vontade de continuar a escrever em jornais.
Quando é a mudança?
Eu gostava que fosse tão rápido quanto possível. De qualquer maneira, nunca demorará menos de um ano e meio. Eu já pedi isto à administração há algum tempo. Finalmente consegui esse tipo de convencimento com a promessa de que não tinha uma data limite, mas que [a administração] começava neste momento a preparar uma nova geração para ter condições para poder prolongar e prosseguir este projecto grande que é “A Bola”.
Já pensaram num sucessor?
Existem candidatos, evidentemente. De qualquer maneira, será sempre depois em período final. É uma competência da administração. Eu apenas poderei nessa altura apresentar algumas sugestões, mas a administração tomará naturalmente essa decisão.
O Vítor está na direcção há 25 anos. Como é que percepciona este período de transição?
Nós estamos a trabalhar nesse período de transição precisamente para tentar passar determinados valores que eu acho que são absolutamente essenciais e que vêm desde 1945, quando “A Bola” nasceu, com o Cândido de Oliveira. Eu acho que o segredo de “A Bola” é a sua relação com a sociedade, perceber que o desporto não é isolado dessa sociedade. Ter uma relação com a cultura. Ter uma relação, inclusivamente, com a qualidade da própria democracia. Nós não podemos admitir que “A Bola” se torne aquilo que se pode chamar o “jornal do futebol”. É muito mais que isso.
Depois há que criar equilíbrios fundamentais neste grupo de plataformas que existem dentro do próprio jornal em papel que nos dá sempre credibilidade, entre aquilo que é o crescimento do online que nos vai dar necessariamente, até provavelmente, condições de modelo económico para futuro. E depois a própria televisão acrescentará um complemento a todo este conjunto. É um projecto especial, que não assenta em grandes grupos de comunicação, e tem que ter capacidade de ter personalidade própria.
E acha que os valores de “A Bola” vêm dessa não-ligação a grandes grupos de comunicação?
Vem alguma independência. Eu acho que nós temos a veleidade de fazer um jornal que é muito aquilo que nós queremos fazer, muito perto daquilo que gostamos de fazer. E isso às vezes, quando estamos ligados a outros grupos, torna-se mais difícil. Por exemplo, nos caso da televisão, a televisão [A Bola TV] não entra numa luta concorrencial com outras televisões. Porque ela faz parte de um projecto global de comunicação que se chama “A Bola”, e portanto não faz parte de um projecto privado de televisão.
E isso permite-nos também ter determinados tipos de programas, incluindo programas de debate sobre futebol, que não têm nada a ver com os debates de futebol que existem noutras televisões , que única e exclusivamente procuram audiência. Nós procuramos outras coisas: a credibilidade da marca. É o essencial para garantir o futuro.
Alguma razão para decidir que era tempo para pensar em passar a sua função?
Eu acho que eu poderia correr o risco, em determinada altura, de me sentir eternizado nesta função, e achar que eu era a única pessoa, que era insubstituível . E portanto quis ser eu próprio a tomar essa decisão. Não é fácil. Não é fácil comandar um período de transição em que nós sabemos que é uma transição para outro tipo de função. Eventualmente gostaria de continuar a escrever em jornais. Mas eu acho que tenho algum orgulho em ter sido eu a tomar essa decisão e não ter vindo alguém dizer “Olha, já chegou a tua altura de te ires embora “.