A precariedade e a rapidez do jornalismo, hoje em dia, foram os aspetos mais mencionados na sessão “O Estado do Jornalismo”, do 4º Congresso dos Jornalistas.
Dos mais novos aos mais velhos vários foram os profissionais que, de diferentes perspetivas, discutiram, esta sexta-feira, “O Estado do Jornalismo”, no âmbito do 4º Congresso dos Jornalistas.
Sebastião Bugalho, atualmente a estudar Direito e jornalista no jornal “i”, acredita que 2017 é o ano do jornalismo. Lutar diariamente pela verdade e tentar não mostrar uma falsa sensação de segurança é um dos deveres do profissional. O jornalista termina a sua tese afirmando que “o jornalista é amigo quando faz propaganda e inimigo quando faz o seu trabalho”.
“Criou-se um monstro informativo que nos coloca em situações nas quais não se pensa nem se reflete”. Foi deste modo que Anabela Neves, jornalista da SIC, expressou o seu descontentamento pela situação atual da área. A jornalista deu como exemplo a antiga carteira profissional de jornalista, referindo que a dos dias de hoje é “básica, pois agora o básico é a norma”. Como fazer jornalismo e de que forma é algo que preocupa Alexandre Afonso, Nicolau Santos e João Pedro Pereira, oradores do mesmo painel.
O online surge e o papel perde força, Carlos Rodrigues Lima, jornalista do “Diário de Notícias”, pergunta qual o motivo para que o vintage seja tendência na nossa sociedade e no jornalismo isso não se aplique: “Haverá algo mais vintage do que ler no jornal em papel?”. Acredita que os jornalistas se esqueceram do verdadeiro valor da função e “deslumbram-se com tudo”. O jornalista questiona, ainda: ” O que é que a Apple fez com os telemóveis que nós não conseguimos fazer com um jornal?”.
Carlos Rodrigues, diretor-adjunto do “Correio da Manhã/CMTV”, após muitos anos na área, não entende por que razão a Comissão da Carteira Profissional do Jornalista é regulamentada por pessoas fora da área, não lhe agrada “estar numa profissão que é regulada por outros profissionais”.
O medo, a angústia, a falta de consciência, a obrigação ética e cívica da profissão foram questões evidenciadas nas comunicações apresentadas nesta sessão.
O Sindicato dos Jornalistas deixou uma mensagem na sessão em nome de todos os que, por medo de represálias, não podem dar a cara: “Vive-se um clima de medo, onde [os jornalistas] não se questionam, limitam-se a fazer o seu trabalho”.
Não se justifica um Congresso daqui a 19 anos, José Pedro Castanheira – Presidente do 3 º Congresso dos Jornalistas – confessa o seu desagrado pelo regresso tardio do 4 º Congresso, “Há 19 anos que não havia um congresso, eu envergonho-me disso.”
O nível de formação aumentou nos últimos anos, contudo no estudo de João Miranda, “Retratos de uma profissão indefinida”, afirma-se que “até 2006 o número de jornalistas cresceu e a partir daí começou a existir uma quebra”.
Na sessão onde o “Estado do Jornalismo” foi protagonista, para a pergunta de como se encontra a profissão não houve uma resposta unânime.