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Falta defender o jornalismo de excelência e de investigação, combater a preguiça, unir forças e trabalhar em conjunto. Conclusões do painel de abertura do último dia do congresso.
A sessão “Afirmar o Jornalismo – Independência e Credibilidade”, com 22 intervenientes, começou com o orador convidado, Walter Dean, jornalista e investigador, que foi diretor pedagógico do “Comittee of Concerned Journalists”.
Walter Dean alertou para o aumento de notícias falsas e o seu sucesso nas audiências digitais que deve preocupar os responsáveis ao mais alto nível. Disse também que em vez de informação se consome mais “opinião, publicidade e propaganda”, e salientou a importância de encontrar um modelo de negócio viável para os órgãos de comunicação social.
O investigador, que dirigiu durante mais de dez anos a delegação da estação televisiva CBS em Washington D.C., acredita que os jornalistas trabalham cada vez mais isolados, o que compromete a relação com a comunidade e os cidadãos. O orador deixou três conselhos fundamentais à prática jornalística: transparência, humildade e originalidade.
Imprensa retrata mulheres como “testemunhas oculares e vítimas”
As dez comunicações apresentadas dividiram-se em quatro temas. Primeiro, as respostas que o jornalismo dá à sociedade democrática. Seguiu-se a definição de valores profissionais contra a propagação de estereótipos, o diagnóstico de alguns males da profissão e, por fim, a defesa do serviço público.
Sofia Branco definiu-se não como presidente do Sindicato de Jornalistas, cargo que ocupa desde 2014, mas como jornalista e assumida feminista. Numa comunicação sobre a desigualdade das mulheres na profissão, fez crítica às visões estereotipadas do género feminino na imprensa nacional. Na maioria das vezes, as mulheres aparecem como “testemunhas oculares e vítimas”, afirmou, e poucas são as que são chamadas a comentar política e economia.
Valorizar os movimentos sociais, precisa-se
Jornalista da RTP há 24 anos, Ricardo Alexandre partilhou neste painel uma comunicação com as primeiras impressões do seu estudo, ainda a decorrer, sobre novos “Movimentos Sociais”, como são exemplos “Que se Lixe a Troika” ou “Lesados dos BES”. Ricardo Alexandre alertou para a necessidade de uma “maior inclusão no tratamento jornalístico” destes fenómenos e disse que são muitas vezes desvalorizados, especialmente quando nascem nas redes digitais.
Carla Martins deu voz à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), numa intervenção em que caracterizou o “vasto leque de competências” e a “equipa multidisciplinar” do organismo estatal. Os instrumentos da ERC estão ao serviço da transparência, disse a assessora do Conselho Regulador. Nas intervenções da plateia, houve polémica em torno do tema, com um jornalista a apontar falhas na atividade da ERC.
A palavra passou para os membros do painel, que contou apenas com Rui Araújo, da TVI, e Ricardo Rodrigues, da Notícias Magazine, uma vez que Nuno Simas, da Lusa, não pôde estar presente.
Contra a ditadura do «click»
Rui Araújo, membro do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, à semelhança de Walter Dean, destacou a importância do desenvolvimento do Jornalismo de Dados em Portugal. O jornalista criticou as “quantidades industriais de pseudo-informação” e denunciou a dificuldade de acesso aos documentos estatais, muito devido à “Justiça neste país [que] é uma lotaria”.
Outro aspeto criticado foi a “ditadura do «click»”. Para Rui Araújo, “se vamos começar a dar notícias aos cidadãos em função dos «clicks», isso é preocupante”. Contudo, e apesar de considerar que “o público em Portugal é pouco exigente”, o repórter continua a classificar o jornalismo como “a mais bela profissão do mundo”. O importante é manter a credibilidade e os princípios, “sem perder a coluna”.
Nenhuma chefia recusa uma boa história
Ricardo J. Rodrigues, Prémio Gazeta 2015, referiu-se ao 4º Congresso dos Jornalistas Portugueses como um “momento em que enchemos os pulmões de ar, antes de mergulhar” e sugeriu uma maior conservação e promoção do “jornalismo de excelência”.
Para isso, “nós, jornalistas que estamos na base, temos de propor reportagens fora da agenda” e trabalhar com os editores, deixando de lado a preguiça. O jornalista da Notícias Magazine considerou que nenhuma chefia recusa uma boa história, e sublinhou que “fazemos todos parte da mesma estrutura”. Afinal, “todos nós queremos que isto funcione, todos nós precisamos que isto funcione”.
Para Ricardo J. Rodrigues, os jornalistas, independentemente do cargo que ocupam dentro de um órgão de comunicação social, não devem estar de costas voltadas. O importante é estarmos “preocupados com a defesa da democracia e com os direitos dos cidadãos, porque vêm aí tempos difíceis”, concluiu.