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O segundo dia do Congresso de Jornalistas trouxe a debate uma das questões mais controversas do paradigma jornalístico. O acesso à profissão é objeto de opiniões díspares e vincadas, que deram azo a uma discussão bastante acesa, durante a sessão “Ensino, acesso à profissão e formação profissional”, que decorreu esta sexta-feira no 4º Congresso dos Jornalistas Portugueses. Quisemos conhecer o ponto de vista de alguns jornalistas presentes na plateia, além daqueles partilhados pelos protagonistas do painel de convidados.
Deve ter carteira profissional quem não tenha um curso de jornalismo? João Adelino Faria recorda episódios frequentes na redação da RTP. Licenciado em Direito, o jornalista e pivô da estação de serviço público é abordado muitas vezes pelos seus colegas quando há dúvidas sobre Direito Público ou alguma legislação. João Adelino Faria vê este tipo de mais-valias noutras áreas, referindo que o jornalismo “tem a ganhar com economistas, gestores, juristas porque trazem coisas novas para a profissão”. Se tivesse de legislar, confessa que tornaria obrigatório para os jornalistas oriundos de outras áreas do saber a frequência em algumas unidades curriculares ou numa pós-licenciatura em jornalismo.
Para Francisca Fortuna, algumas “cadeiras” não chegam. A jornalista da RTP defende que “para contar histórias todas as pessoas são bem-vindas”, mas acredita que uma formação específica tornaria essas histórias mais rigorosas e contextualizadas. Porém, alerta para a necessidade de não se poder “deixar que quem vem de uma formação específica [em jornalismo] seja formatado” pelas redações.
Na comunicação apresentada na sessão “Ensino, acesso à profissão e formação profissional”, Pedro Coelho foi mais longe. O jornalista da SIC e professor na Universidade Nova de Lisboa é a favor de um acesso mais fechado à profissão. Após reconhecer que alguns dos melhores jornalistas que conhece nunca tiveram (ou tiveram pouca) formação académica, citou Mário Zambujal para dizer que “o mundo mudou, o jornalismo mudou”. Com base nesta mudança, caracterizada, entre outras circunstâncias, por uma grande crise no setor, afirmou que “quando o jornalismo entra em colapso, é recuperado na academia”. Não discordando da necessidade de rever os planos de estudos e a maneira como o jornalismo é ensinado nas instituições de ensino superior, Pedro Coelho concluiu defendendo uma parceria estratégica entre a academia e as empresas de comunicação social.
Duarte Baltazar, jornalista da RTP, debateu-se com um problema no acesso à profissão – que diz estar “blindado” – e arrisca-se a questionar se será constitucional. Na primeira tentativa de fazer um estágio profissional, e perante a dificuldade que enfrentou para o encontrar, Duarte aventurou-se como freelancer. Na impossibilidade de conseguir vender os seus artigos por não ter carteira profissional, questionou-se sobre o sentido deste acesso: “para ter carteira é preciso fazer jornalismo, mas para fazer jornalismo é preciso carteira.”